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Valeu, Gustavo! Esta vitória tem nome: humildade, paciência e perseverança
Carta de Paulo Salamuni ao prefeito eleito de Curitiba, Gustavo Fruet.
Fonte Paulo Salamuni - 28/10/2012 - 17h29min Imprimir
Valeu, Gustavo!  Esta vitória tem nome: humildade, paciência e perseverança

Neste dia 28 de outubro o povo de Curitiba entrega os destinos da cidade em tuas mãos. Lembro-me como se fosse hoje das primeiras campanhas do teu pai, Maurício Fruet; era imbatível em popularidade. Foi o vereador mais votado de Curitiba na década de 1970 e sempre o deputado estadual e federal mais votado do PMDB no Paraná.

Nesta época você já despontava como um grande líder, presidindo o Centro Acadêmico Hugo Simas, onde se consolidou como liderança estudantil, não deixando de dar atenção à vida acadêmica, tendo concluído seu mestrado e doutorado. Você foi um dos coordenadores da campanha de meu pai, Riad Salamuni, que em 1985 foi sufragado como primeiro Reitor eleito da Universidade Federal do Paraná, a mais antiga do Brasil.

No ano de 1988 disputei a minha primeira eleição como vereador de Curitiba pelo PMDB, onde andei diariamente por esta cidade, ao lado de sua mãe, Ivete Fruet, admirável mulher, verdadeira Primeira Dama, que nunca recebeu um tostão dos cofres públicos municipais e desempenhou seu papel com um entusiasmo contagiante. Com ela, saia pela periferia de Curitiba a garimpar apoios juntamente com outras mulheres de fibra, como a minha mãe, professora Hôda Salamuni, a professora Vera Mussi Augusto, Alzeli Bassetti Prochmann e tantas outras mulheres com as quais aprendi a fazer a boa e saudável política.

Quis o destino que naquele ano de 1988 perdêssemos a eleição em 12 dias. Naquele pleito eu ainda consegui chegar à Casa do Povo de Curitiba, mas lá fiquei esperando alguma embarcação passar para levar este solitário marinheiro da política local. 

No ano de 1996, você se elegeu vereador da nossa cidade de Curitiba, fez um belo trabalho e em 1998, após a dura e lamentável perda do pai, Maurício Fruet, você se elegeu, ao substituí-lo, deputado federal e eu retornei na tua vaga como vereador da cidade de Curitiba.

Em 2000 enfrentamos a chapa branca da família Requião e seus asseclas na convenção do PMDB, que optou pela candidatura de Maurício Requião, que acabou disputando a prefeitura com o irmão Eduardo, e fez pouco mais de 3% dos votos.

Logo chegou o ano de 2004 e mais uma vez Requião não permitiu que você disputasse a eleição em Curitiba. Impedindo sua chegada à prefeitura e entregando o PMDB à outra sigla partidária, não permitindo o lançamento de candidatura própria. Lembra-se da pressão na convenção? Toda eivada em vícios costumeiros, prática usual daquele time. A Justiça, inclusive, nos deu ganho de causa anos depois da convenção. Você, naquele momento, evocou Fernando Sabino:

“De tudo ficaram três coisas:
A certeza de que estamos começando,
A certeza de que é preciso continuar
E a certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar.
Façamos da interrupção um caminho novo,
Da queda um passo de dança,
Do medo uma escada,
Do sonho uma ponte,
Da procura um encontro!”          

Não nos restou outra alternativa senão seguir o nosso caminho. Cada um optou por uma sigla partidária. Jamais poderíamos imaginar que em 2012 o governador Beto Richa, a exemplo de seu antecessor, lhe negaria a legenda para disputar a eleição, contra a vontade de seu povo, como ficou provado hoje.

Em 12 dias perdemos em 1988, mas 12 anos depois do ano 2000, em 2012, com o número 12 chegamos à prefeitura de Curitiba. Os árabes dizem Maktub (estava escrito)!

Chegamos, Gustavo! Esperamos este dia como o vigia espera a aurora. Bem aventurados os que chegam. Não nos desencaminhamos na longa marcha, não nos desmoralizamos capitulando ante as pressões aliciadoras e comprometedoras, não desertamos, não caímos no caminho. Chegamos para fazer diferente, porque se não for para fazer diferente, sabemos todos, não vale à pena ser feito.

A garantia dessa mudança é sua origem: o voto; o sufrágio universal; a vontade soberana do povo. O eleitor curitibano decidiu que o grupo dos autoproclamados donos da cidade já não servia mais à Curitiba. Isso fica claro pela retumbante derrota na disputa pela prefeitura e, mais claro ainda, na nova Composição da Câmara Municipal. Partidos que contavam com arrogantes e esmagadoras maiorias, tiveram um significativo decréscimo em sua representatividade. Os parlamentares envolvidos de alguma maneira, por ação ou omissão, nos escândalos dos contratos de publicidade da Câmara tiveram uma enorme perda no número de votos, o que deixou a maioria deles de fora da nova formatação do Parlamento Municipal, a Casa do Povo de Curitiba.

Por outro lado, os vereadores que mantiveram uma postura ética, transparente e combativa, aumentaram em média um terço o número de seus votos. Foi o povo o grande juiz deste episódio.

Gustavo, o nosso querido Elias Abrahão, que também foi preterido – assim como nós – em nossa antiga sigla partidária, e que nos deixou prematuramente, pregou:

“Creio que a vida não caminha para trás, mas procura teimosamente novos caminhos que a levem para frente. Por isso tem que haver uma manhã que nos pressagie dias melhores, mais plenos e mais intensos.
Sou dos que creem, e por isso mesmo, tenho que decidir hoje fazer o meu amanhã diferente, mais próximo dos meus sonhos. Porque creio no amanhã caminho com determinação, sabendo que os momentos mais escuros da noite são exatamente aqueles que precedem a alvorada.
Creio na esperança e por isso antevejo dias melhores e mais felizes para nossa Curitiba e maior fraternidade entre os seres humanos que nela habitam e vivem”

O Partido Verde, que lidero na Câmara municipal, acreditou desde o primeiro minuto, da primeira hora, do primeiro dia. Não se curvou ante pressões aliciadoras e ficou ao lado do povo, oferecendo a este mesmo povo o que há de melhor na política de Curitiba e do Paraná para liderá-lo. Gustavo, sem dúvidas, você vai implementar um programa sustentável para esta nossa cidade que amamos. Afinal, “cuidar da vida é da nossa natureza”.

O povo de Curitiba, soberano, contra “todas as velhas raposas de rabo felpudo” (já ouviu essa expressão antes?) te carrega nos braços subindo com você a rampa do palácio 29 de março. Eles passaram, as instituições ficaram.

Gustavo, chegou a hora! Vamos levar nossa missão até o final, doa isto a quem doer. Para isso é preciso coragem. Aliás, como dizia o velho Ulysses Guimarães, a quem nós conhecemos pessoalmente na juventude de nosso antigo partido: “a coragem é a matéria-prima da civilização. Sem ela, o dever e as instituições perecem. Sem a coragem as demais virtudes sucumbem na hora do perigo. Sem ela não haveria a cruz nem os evangelhos”.

Valeu, Gustavo! Viva Curitiba! Que Deus nos Abençoe!

Paulo Salamuni



 

 
     


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